Como não vi muitas opiniões sobre o Return to Monkey Island aqui pelo fórum, deixo minha análise do jogo que fiz na Steam:
30 anos após Monkey Island 2: LeChuck's Revenge, Ron Gilbert retorna à franquia que ele mesmo criou para fazer sua sequência. A série não é mais a mesma que ele deixou em 1992, e nem ele. Return to Monkey Island é um jogo sobre terminar assuntos inacabados, sobre nostalgia, envelhecer, mas principalmente sobre o ato de contar histórias e sobre as pessoas que contam elas - dita sob a lente do adventure point-and-click.
Return é um jogo que homenageia, moderniza e brinca com o que veio no passado - tanto em sua narrativa quanto na sua gameplay. A história é repleta de momentos nostálgicos e menções aos jogos anteriores, principalmente em sua primeira parte - levando em consideração também os três jogos anteriores, inclusive, o que eu não esperava - porém o jogo não esquece que seu foco é contar uma boa história de pirata, e ele faz isso muito bem, misturando tanto elementos antigos quanto novos. A volta de grande parte dos dubladores originais e dos compositores ajuda muito também a manter a atmosfera dos jogos anteriores, com a voz deles mudada pelo tempo adicionando à temática da história.
Sua gameplay, em sua base, é a mesma dos jogos clássicos. Sistema de inventário, puzzles relacionados a objetos, diálogos com personagens. Porém existem aqui muitas inovações e modernizações no sistema, procurando deixar o jogo mais fluido e acessível para novos jogadores. Adições como mudanças na movimentação do personagem e histórico e personalização da caixa de diálogo, além de um sistema de pistas completamente integrado dentro do jogo ajudam a expandir o público que o jogo pode alcançar. Sua maior inovação, porém, provavelmente é o sistema de interação contextual: aqui não existem mais verbos pré-definidos, com cada objeto apresentando até duas ações - uma para cada botão do mouse, representando os pensamentos do Guybrush. É um sistema que a princípio me pareceu que diminuiu as possibilidades do jogo, porém que senti que foi muito bem implementado. Além disso, existem vários elementos que incentivam a rejogar o jogo para pegar as coisas que faltaram, o que adiciona uma nova camada à esse tipo de jogo.
Porém o ponto que mais se falou nesse jogo antes de ele ser lançado com certeza foi a sua arte: enquanto os fâs estavam felizes com o retorno da franquia, houve muito hate direcionado ao estilo escolhido, com muitos falando que parecia "arte corporativa" ao ver os trailers. Apesar de não ter odiado também, vendo o material promocional a arte não me animava muito também. Após jogar, posso afirmar que o estilo escolhido é verdadeiramente lindo. Extremamente suave, porém um olhar mais próximo revela texturas que parecem uma mistura de desenhos de giz e pinturas. A direção de arte aqui está incrível, e o jogo implementa movimentos de câmera dinâmicos e zooms que são incomuns no gênero e adicionam muito à experiência. Eu frequentemente parei em vários cenários apenas para admirar todos os detalhes.
Quanto ao Segredo da Ilha dos Macacos que Ron prometeu revelar nesse jogo, eu obviamente não vou entrar em detalhes. O final desse jogo, assim como o final de Monkey Island 2, não vai agradar todos e vai dividir vários fãs. Eu pessoalmente achei um final lindo, poético e genuinamente sincero para o jogo e para a franquia, e me emocionei bastante nos momentos finais do jogo.
Eu recomendo Return to Monkey Island do fundo do meu coração para todos, mas principalmente para quem é fã da franquia. E caso seja a última vez que veremos Guybrush Threepwood, Poderoso Pirata: obrigado pelas histórias.